Comissão Organizadora: Prof. Dr. Antônio Lindvaldo Souza DHI/UFS
Cacilda Missias de Jesus Santiago
Leandro Souza de Oliveira
Marina Leite Suzart
Marcos Paulo Carvalho Lima
Este Seminário, que ocorreu entre os dias 19 e 20 de
abril, do presente no ano, no auditório de Geografia, da Universidade Federal
de Sergipe, vem dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos, por exemplo, nas obras de Beatriz Gois Dantas, Felisbelo Freire, Clodomir Silva, nais quais o foco é a história dos índios, em Sergipe, esta marcada pela violência praticada pelos colonizadores europeus. Em seu primeiro dia, o professor, Dr.
Antônio Lindvaldo Souza, faz uma abertura das palestras, na qual falou sobre
o grupo de pesquisa GPCIR, e fez uma apresentação, emocionada, de Beatriz Gois
Dantas, citando sua a importância ao criar um capítulo no livro de História
de Sergpe, reservado aos índios.
Professora Beatriz Gois Dantas |
A temática das palestras, no primeiro dia, era a História dos índios em Sergipe. E teve como primeira palestrante a professora Beatriz Gois Dantas, cuja apresentação
se baseia no livro Textos para a História
de Sergipe, este sorteado ao fim deste primeiro dia. Ela começa falando da
percepção dos europeus e faz a diferenciação entre tupis e tapuias, fala,
ainda, sobre a diversidade linguística e cultural, ou seja, o mosaico dos povos.
Depois cita os grupos indígenas de Sergipe, entre os séculos, XVI e XX, dentre
esses os Aramuru, Boimi, Kaxagó e Tupinambá. Ela comenta sobre a importância
dos textos e iconografias de cronistas e missionários em ‘reconstituir’ o modo
de vida dos povos indígenas. Um ponto
que não pode deixar de ser citado de sua apresentação se trata do ‘Encontro x
Confronto’ entre os índios e europeus, nesse contexto ela cita o registro de André Thevet.
Outro assunto abordado pela professora diz respeito
ao projeto colonial e os índios sobre três perspectivas: 1º Mão-de-obra;
escravos, 2º Almas para Deus e 3º Conquista e defesa do território, seria o
índio visto ‘militarmente’. Nesse sentido, aborda o fracasso na tentativa de
catequese e começa a falar de 1590, o marco da conquista. E então a visão de
vencedores e vencidos. Entra no assunto das missões, esta como espaço de
cristianização, com o intuito de transformar índios pagãos em cristãos. Explicando como essas, missões, afetaram a sociedade colonial de forma política, econômica, militarmente e também o aspecto sociocultural.
Por fim os índios no século XIX são reconhecidos
pelo Estado. E cita as missões de São Pedro, atualmente aréa dos Xokó,
Japaratuba, Aldeia de Água Azeda e a Vila dos índios de Tomar do Geru. Sendo que a
partir de 1850, com a Lei de Terras, ocorre o ‘desaparecimento dos índios’ eles
utilizam a ‘mestiçagem' como mecanismo de negação da existência dos índios. Nesse contexto o caso dos índios Xokó é o mais comentando pela professora.
Na segunda palestra da noite, Pedro Abelardo explica como fora a catequese e a civilização dos índios durante o Império, comenta sobre o porque da extinção dos aldeamentos e o projeto de Bonifácio para os índios e escravos. A última palestra, feita por Whitney Fernandes teve por objetivo identificar as reações dos índios de Pacatuba durante o processo de usurpação e apropriação de suas terras.
O último dia de palestras, dia 20, cuja temática foi sobre
Identidade e Luta do povo Xokó teve a participação de Avelar Araújo Santos
Junior e Apolônio Xokó, infelizmente, por motivos de saúde Hélia Maria de
Paula Barreto não comparece.
Na primeira palestra Avelar Araújo, fala sobre O Movimento Indígena e a Atualização de Suas Pautas de Luta, ele inicia
fazendo um panorama atual da população indígena brasileira e seus territórios,
são 225 povos que falam cerca de 180 línguas. Nos espaços urbanos vivem mais de
315 mil indígenas. E 688 ‘terras indígenas’(12% do território nacional). Sendo
que 167 terras indígenas estão em vias de reconhecimento na FUNAI, e 12 etnias
esperam a demarcação de suas terras.
Segue fazendo um histórico sobre a resistência
indígena, comentando a dinâmica resistência/dominação, e casos específicos como
a Confederação dos Tamolos e Confederação dos Cariri.
Em suas considerações finais chega a conclusão de que
a luta pela terra é centralidade e através disso é possível chegar a
participação em outras causas sociais, étnicas e ambientais.
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Apôlonio Xokó |
A última palestra, foi de Apôlonio Xokó, considerada por muitos a mais emocionante, por que afinal não era uma palestra
qualquer e sim um depoimento de quem acompanhou, de perto, diversas situações,
sendo a principal delas, a ‘luta pelas terras’. Ele com seu jeito descontraído
fala de assuntos tão sérios e nos faz entender que eles não invadiram ou
‘tomaram’ as terras de ninguém. Comenta ainda diversas situações em que teve sua vida em risco, devido a luta pelo reconhecimento das terras dos Xokó. Por fim, é notável a gratidão que ele, em nome de seu povo, demonstra para com a Universidade Federal de Sergipe, já que esta teve um importante papel em sua luta, principalmente, com a professora Beatriz Gois Dantas.
Um Seminário como este é importante para que as gerações não esqueça dos 'primeiros habitantes' e que eles passaram e ainda passam por problemas ao se afirmarem na sociedade, em se tratando nos índios Xokó. É necessário que eventos assim aconteçam para que ao conhecerem sua cultura passem a respeitá-los, não por serem povos indígenas sofredores e sim por serem o Povo Xokó. Sendo importante ressaltar que o estudo da história dos povos indígenas é fundamental para que se possa compreender a história sergipana. Pois não há como negar a contribuição desses povos na formação social e cultural da nossa sociedade.
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