sábado, 26 de maio de 2012

Relatório sobre Laranjeiras



Visão da Cidade obtida da Igreja do Bonfim
No dia onze de maio, do presente ano, fomos à cidade de Laranjeiras, localizada aproximadamente a vinte e três quilômetros da capital. Fundada em 1605 é a segunda cidade mais antiga de Sergipe. A presença dos jesuítas, que ergueram às margens do riacho São Pedro, no Vale do Cotinguiba, a primeira igreja e uma residência, conhecida como Retiro, foi decisiva para fixar definitivamente a cidade.
O povoado foi inicialmente denominado de Vila de Nossa Senhora do Socorro. Já em 1734, é concluída a obra da Igreja de Comandaroba, hoje um dos mais importantes monumentos arquitetônicos do Estado. O desenvolvimento econômico ocorreu com a chegada do cultivo da cana-de-açúcar, no século XVIII, gerando neste período um apogeu financeiro que atraiu comerciantes de várias partes do Estado. Na época existiam muitas laranjeiras no local, dando origem ao nome da cidade.
A cidade passou a ser o berço da economia da Província, destacando-se também pelo comércio de escravos, que deixaram uma forte influência na cultural local No início do século XIX. Ainda tinha muita importância como um grande centro comercial e exportador, o que a faz designada como a primeira alfândega de Sergipe.
Igreja do Bonfim
As igrejas, o estilo barroco da arquitetura, a paisagem e as grutas faz de Laranjeiras uma de grande potencial turístico. A cultura também é de grande expressão, concentrando até hoje o maior número de manifestações folclóricas do Estado. A cidade possui 16 igrejas católicas e se orgulha de ter sediado o primeiro templo protestante de Sergipe, a Igreja Presbiteriana, fundada em 1884.  E é no ciclo de natal, especialmente na Festa dos Santos Reis, que a tradição laranjeirense toma as ruas da cidade. A festa de São Gonçalo, São Benedito, Lambe Sujo e Taieiras são as mais conhecidas na cidade.


Igreja Matriz
 Nós (eu e Anailza Guimarães) responsáveis pelo assunto “Festividades em Laranjeiras” e a dupla (Cassiano Correa e Luyse Moraes) responsável pelos “Abolicionistas” chegamos à cidade por volta de 9h00, como o Museu Afro Brasileiro, o principal objetivo da nossa visita, estava fechado fomos conhecer outros pontos da cidade.

Capela de Bom Jesus dos Navegantes
   Visitamos primeiramente a Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus, localizada na Rua do Sagrado Coração de Jesus. A seguir fomos à outra igreja, está no alto de uma ladeira e depois de muito subir chegamos a Igreja do Bonfim, que passou por uma grande reforma no século XIX devido a um incêndio que a destruiu parcialmente. Do alto dela é possível ter uma ampla visão da região do Vale do Cotinguiba. Dela também podemos observar a Capela de Bom Jesus dos Navegantes que está localizada na Colina do Bom Jesus, ponto alto da cidade. Sua fachada apresenta características do barroco brasileiro do século XIX, embora a Igreja tenha sido inaugurada no ano de 1908.


Câmara Municipal
Após descermos fomos ao centro da cidade, onde passamos em frente da Câmara Municipal e como já estava na hora da abertura do Museu da Cultura-Afro nos direcionamos a ele. No caminho encontramos um menino, ou melhor, ele nos encontrou, tinha, aproximadamente doze anos e disse que seu nome era “Carlinhos”. Ele conhecia, praticamente, tudo na cidade e nos deu uma “aula” sobre os locais abandonados, ao nosso redor e sobre tudo que encontrávamos no caminho.







Igreja do "Galo"
                Primeiro falou sobre a Igreja dos Homens Pardos e Livres, esta mais conhecida como Igreja do “galo” que foi construída no século XIX, pelos homens pardos e tornou-se centro de devoção a Nossa Senhora da Conceição. 
A esquerda o Hospital abandonado e a direita o Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de Laranjeiras


















         A seguir sobre a antiga Maçonaria e um Hospital abandonado, que fica ao lado do atual Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Laranjeiras, sobre o hospital, o menino fala que Lampião esteve lá e precisou de tratamento em seu olho. Como fora tratado muito bem prometeu não invadir a cidade e protegê-la. 
Carlinhos nosso "guia mirim"
Nossa última parada foi no Museu, lá nos despedimos do menino e perguntei como ele aprendera tantas coisas e ele respondeu que quando as “turmas”, das escolas, universidades, ou simplesmente turistas iam para lá ele ficava prestando atenção nas explicações dadas pelos guias e aprendeu assim, só ouvindo. Disse que quando crescer quer ser um verdadeiro guia, já que atualmente é um “guia mirim”.

                
 Na entrada do Museu Afro Brasileiro há algumas placas, uma de quando fora inaugurado (1976) e outra de quando fora restaurado (1991). O sobrado construído no século XIX pertenceu à Família Brandão detentora do Cartório que funcionava no pavimento térreo.  Tornou-se Museu Afro em 1976 e possui peças que ilustram o período escravocrata além de representar a cultura afro nas suas mais variadas formas. 


Instrumentos de
tortura
Objetos da casa dos senhores de engenho
Lá havia uma guia que nos explicara as manifestações cultural-religiosas dos negros. Ela nos levou a algumas salas, uma delas era sobre os instrumentos de tortura, outra era a sala de economia açucareira, que fora a principal atividade econômica da cidade no século XIX. Vimos ainda o vestido utilizado pelas mulheres negras, além de instrumentos usados nas casas dos senhores de engenho, como por exemplo, pilão e panelas de madeira, candeeiros, alguns móveis como cama, “cadeira de arruar” e cadeiras e mesa de centro.

Quadro representando Lambe Sujo X
Caboclinhos
A seguir vimos quadros que representavam algumas manifestações, como o Lambe-Sujo e Cacumbi. A guia nos falou sobre as crenças religiosas dos negros, dando ênfase aos Orixás e o significado deles, por exemplo, ÈXÚ (Exu), é representado pelas cores vermelha e preta. Ele é um orixá de múltiplos e contraditórios aspectos, o que torna defini-lo de maneira “coerente”. ÒSÓÒSI (Oxóssi), representado pela cor verde, ele é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela habitam Orixá da fartura e da riqueza. OSÀLÀ (Oxála) é o detentor do poder genitor masculino e todas as suas representações incluem o branco. YEMOJA (Iemanjá), representado pela cor azul, transparente e branco, é o Orixá dos Egbá, uma nação ioruba estabelecida outrora na região entre Ifé e Ibadan, onde ainda existe o rio Yemoja. Este Orixá é considerado a Mãe de todos, a senhora de todas as cabeças.
Orixás
A guia explica sobre as religiões afro-brasileiras em Laranjeiras citando a Irmandade Santa Bárbara Virgem e os Filhos de Obá. O terreiro Santa Bárbara Virgem, representaria a continuidade de um terreiro dos antigos escravos africanos, dos quais descendia a chefe crioula, Umbilina de Araújo, que o dirigiu por mais de cinquenta anos seguindo sempre a tradição recebida dos ancestrais nagôs. No terreiro dos Filhos de Obá o dirigente, Alexandre da Silva, teria não apenas atualizado a tradição dos nagôs e outras nações africanas através da Bahia, mas também incorporou ao terreiro o culto dos caboclos. Sua influência na formação de outros terreiros da cidade é inquestionável. 
Cadeira do Babalorixá
Ela ainda comenta sobre as oferendas e nos apresenta alguns instrumentos utilizados nos rituais. Mostra também a cadeira que pertenceu ao Babalorixá Gilberto da Silva, o , e fala sobre a sua importância e do terreiro Oxóssi Tauamim. Seu antes mesmo de passar pelo ritual de iniciação Candomblé se dedicou ao culto de suas entidades espirituais. Somente na década de 1950 é que foi iniciado no Candomblé de Angola, sendo seu terreiro denominado “Oxóssi Tauamim”. Atualmente parte do acervo que o Museu possui pertenceu a Lê, principalmente as peças de metal, que correspondem a peças utilizadas na indumentária dos Orixás. faleceu em 12 de junho de 1999, sendo considerado um importante Babalorixá do Candomblé Sergipano contribuindo para o processo de legitimação e institucionalização das religiões afro-brasileiras no Estado.
                                                         
Igreja Presbiteriana
    Por fim, ao sairmos do Museu, passamos na frente da Igreja Presbiteriana, está inaugurada em 19 de novembro de 1899 após uma série de incidentes entre católicos e protestantes iniciados em 1844 e agravaram-se quando o pastor norte-americano Alexander Latiner Blackford, após visitas a Laranjeiras, fundou a primeira Igreja Presbiteriana em Sergipe, na Rua Comandaroba. Até hoje a Igreja mantém todas as suas atividades. 


            

Um comentário:

  1. gostaria de saber mais sobre os engenhos da cotinguiba, espinheiro, lagoa do mato...

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